sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Entristecidos, mas sempre alegres.

19 de Agosto
Entristecidos, mas sempre alegres. (2 Co 6.10.)
A Tristeza era bela, mas sua beleza era como a beleza do luar,
quando passa através dos ramos das árvores na mata e forma pequenas
poças de prata pelo chão.
Quando a Tristeza cantava, suas notas soavam como o doce e
suave gorgeio do rouxinol, e em seus olhos havia aquele ar de quem
cessou de esperar pela vinda da alegria. Ela sabia, compadecida-mente,
chorar com os que choram; mas alegrar-se com os que se alegram eralhe
desconhecido.
A Alegria era linda também, e a sua beleza era como a beleza
radiante de uma manhã de verão. Seus olhos ainda traziam o riso alegre
da meninice, e em seus cabelos pousava o brilho do sol. Quando a
Alegria cantava, sua voz se lançava aos ares como a da cotovia, e seus
passos eram como os passos do vencedor que jamais conheceu derrota.
Ela podia alegrar-se com os que se alegram, mas chorar com os que
choram era-lhe desconhecido.
"Nós nunca podemos estar unidas", disse a Tristeza pensativa.
"Não, nunca.", E os olhos da Alegria ficaram sérios, quando
respondeu. "O meu caminho atravessa campos ensolarados; as roseiras
mais lindas florescem quando eu passo, para que as colha, e os melros e
tordos esperam minha passagem, para derramar seus mais alegres
trinados."
"O meu caminho", disse a Tristeza afastando-se vagarosamente,
"atravessa a mata sombria; minhas mãos só podem encher-se das flores
noturnas. Contudo, toda a beleza e valor que a noite encerra me
pertencem! Adeus, Alegria, adeus."
Quando ela acabou de falar, ambas tiveram consciência de uma
presença próxima; indistinta, mas com um aspecto de realeza. E uma
atmosfera de reverência e santidade as fez ajoelharem-se perante Ele.
"Eu O vejo como o Rei da Alegria", murmurou a Tristeza, "pois
sobre a Sua cabeça estão muitas coroas, e as marcas das Suas mãos e
pés são sinais de uma grande vitória. Diante dEle toda a minha tristeza
está-se transformando em amor e alegria imortais, e eu me dou a Ele
para sempre."
"Não, Tristeza", sussurrou a Alegria, "eu o vejo como o Rei da dor;
Sua coroa é de espinhos, e as marcas das Suas mãos e pés são marcas
de uma grande agonia. Eu também me dou a Ele para sempre, pois a
tristeza com Ele deve ser muito mais doce do que qualquer alegria que eu
conheço."
"Então, nele, nós somos uma"m exclamaram com júbilo; "pois
somente Ele poderia unir Alegria e Tristeza."
De mãos dadas, saíram elas para o mundo, para segui-lO na
tempestade e na bonança, na desolação do inverno e na alegria do verão,
"entristecidos, mas sempre alegres".
O servo do Senhor,
Embora entristecido
Pelas coisas que oprimem
E a batalha cerrada
(Porque os dias são maus.
E os tempos, trabalhosos!)
Conhece uma alegria
E uma paz interior
Que o mundo não conhece,
E que ninguém lhe tira;
O gozo e a paz de Deus!

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