MADRINHA DE GUERRA
Não foi ninguém das Organizações Não Governamentais, tampouco da Defesa dos Direitos Humanos, também ainda não havia os Sem Terra, mas alguém descobriu que os expedicionários eram Sem Madrinha e criaram no Brasil a Madrinha de Guerra.
Mulheres jovens escolhiam na relação o nome de algum soldado que se encontrava na Itália e escrevia para ele confortando-o.
Ele tinha três Madrinhas de Guerra, duas do Rio e uma em Recife.
Chegando ao Rio, continuou no Exército e ficou aquartelado na Vila Militar, porém alugou um quarto numa pensão na Travessa do Ouvidor, 11, comprou três trajes civis e nas suas horas de folga, nada de farda.
Foi logo visitar a sua primeira Madrinha de Guerra em Copacabana. Subiu no elevador, tocou a campanhinha e uma jovem alta e bonita lhe abriu a porta. Ele disse quem era e ela disse: “A sua Madrinha sou eu”. O convidou para entrar, apresentou a sua mãe, conversaram sobre a guerra e ela pediu para ele ir almoçar no domingo. No dia ele estava todo formalizado para o almoço e ela lhe apresentou o noivo, um tenente recém saído da Escola Militar. Fora ele quem lhe dera a idéia de adotar um expedicionário.
Ele ainda a visitou algumas vezes, porém depois cortou o elo que o unia a sua Madrinha de Guerra.
Visitou também a sua segunda madrinha de Guerra. Era uma jovem senhora casada com um civil. Esteve lá duas vezes, porém logo cortou o segundo elo.
A terceira Madrinha ele conheceu muitos meses depois em Olinda. Era solteira, livre e desimpedida e mostrou interesses em namorar com ele. Não era o seu tipo, visitou-a várias vezes como amigo e desfez o terceiro laço.
No Rio começou a encontrar expedicionários que não se ajustaram à vida civil, deixaram o exército, gastaram todo o dinheiro que trouxeram e foram abandonados pelo governo.