APENAS UM PEDAÇO DE VIDA – Diário da Borborema, em 13/11/94.
Era primavera no ano de noventa um.
Num dia lindo e muito ensolarado,
Os caminhos convergiam e eles se eles se encontraram.
Sentiram forte atração e logo se amaram.
Ela era jovem, bonita e livre.
Ele não era jovem, também não era livre.
Ele a tratava como uma criança querida.
Ela pensava ser mais uma na sua vida.
Começaram a construir um castelo de areia
Devia tocar as estrelas deste céu tão azul.
Seria majestoso, um castelo formidável.
Devia ser muito belo, uma obra inigualável.
E o castelo foi surgindo na paisagem verdejante.
Repleto de sonhos lindos, esta obra majestosa.
Embora de areia, foi crescendo no espaço.
Parecendo até ter, a rigidez do aço.
Veio o verão do ano de noventa e dois.
O sol, as flores, a paisagem, tudo era belo.
E eles externavam amor e felicidade,
Entre os dois havia muito mais que amizade.
Ele sabia, Seu castelo não iria longe.
Era um castelo de areia, repleto de sonhos.
Ansiava apenas que iria vê-la formada.
Sonhava vê-la, totalmente realizada.
Então ela seguiria o seu caminho.
E ele continuava a sua vida.
Era o que queria pra sua amada.
Então seguiria outra estrada.
Veio o outono, o inverno, a primavera.
Os dois felizes, se amavam, se completavam.
E o castelo irradiava felicidade.
Lá não havia lugar para a saudade.
Chegou noventa e três. Um ano aziago.
No horizonte, nuvens negras surgiram.
Gigantes, que prenunciavam tempestade.
E no seu bojo, só trazia, infelicidade.
No mês de outubro, chegou a tempestade.
E ao ventos logo destruíram seu castelo.
Num instante foi embora a sua felicidade.
E no seu lugar, restou apenas, a Saudade.
Um montão de areia, disforme, sem vida.
Fora o que restara da sua obra querida.
E ele, sentado, olhava desolado,
O vento açoitar seu castelo destroçado.
Terminava assim, tudo o que ele amara,
Pois a lei da vida, ele violara.
Tudo acabou. Nada mais restava.
E o que ele fazia? Nada. Só chorava.
Ela seguiu o cainho que escolheu.
Ele ficou na estrada que restou.
E cada um seguiu pra sua lida.
Mas, assim, são as coisas da vida.
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